domingo, 10 de junho de 2012

LER: UM PRAZER APAIXONANTE


LER: UM PRAZER APAIXONANTE
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária FNLIJ/PB)
            A música pode ser a arte mais universal, o teatro, o cinema e as artes plásticas podem nos fazer viajar, mas a literatura nos permite ser mais do que meros espectadores.
                 (Heloísa Seixas. O prazer de ler).

            Heloísa Seixas, jornalista e escritora, já escreveu vários livros de contos. Alguns desses contos reunidos em livros foram publicados nas colunas de jornais. Em 2009, com o livro “Uma ilha chamada livro: contos mínimos sobre ler, escrever e contar” (Ed. Record, 2008), a autora  ganhou o Prêmio” Melhor Livro Para Jovem” da FNLIJ. Em 2011, pela Editora Casa da Palavra, dentro da mesma temática, publicou “O prazer de ler”, reunião de dez pequenos textos, que falam sobre a paixão e o amor aos livros. 
            Com o título – “Livros com alma”, a escritora discorre a respeito dos livros que moram nos sebos. Eles têm personalidade própria.   Muitas vezes os antigos donos deixaram registros em suas páginas: dores, alegrias, esperanças e inquietações. Folheando livros antigos, deparamo-nos com dedicatórias, datas, uma caligrafia delicada e floreada que remete a um alguém que não conhecemos. Há livros que trazem observações ao lado das páginas, em outros encontramos retratos, convites de casamento, bilhetes, contas, anotações diversas. Pertenceram a pessoas que se foram, mas ficaram suas marcas nas páginas desses livros com alma.                         
            A respeito de sebos, Heloísa retoma a pertinente observação de Márcio Moreira Alves, um apaixonado por sebos.  Nos Estados Unidos e na Europa, os maiores antiquários de livros pertencem aos judeus, isso ocorre porque o povo judeu tem uma forte relação com a palavra impressa. “São o povo do livro”. No Brasil atual, encontramos judeus que são donos de livrarias e editoras. A “Livraria Cultura” e a editora “Companhia das Letras” pertencem a judeus.
            Há outros lugares com alma – são as bibliotecas. Uma grande biblioteca nos dá a sensação de um lugar sem fim. Ao visitar a biblioteca da Universidade de Salamanca, fundada em 1218, Heloísa teve o privilégio de percorrer corredores com estantes cheias de livros muito antigos. Atualmente, esses “objetos sagrados” não estão acessíveis ao público, olham-se os livros através de “um aquário de vidro”, mas como fez uma visita na companhia de um grupo da universidade teve a oportunidade de passear no meio de exemplares raríssimos. Sentiu-se dentro da biblioteca de Babel, de Jorge Luis Borges.
            Que tal uma visita a antigas bibliotecas? O Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, por seu estilo arquitetônico rebuscado, “parece mesmo um templo”. A imponência da Biblioteca Nacional, também situada no Rio, plantada no coração da Cinelândia, impressiona pelas paredes de mármore, os gradis trabalhados, os grandes lustres e os vitrais que refletem os raios de sol no entardecer. Em João Pessoa, temos o prédio da Biblioteca Pública na Rua General Osório com uma bonita arquitetura. Bibliotecas são templos sagrados, exigem muito respeito.
            O último artigo traz uma lista de livros que a autora levaria para uma ilha deserta. São 68 títulos, compreendendo literatura de língua inglesa, francesa, brasileira e portuguesa. Após a citação de cada livro, vem uma breve explicação sobre o conteúdo.  Não me atrevo a tanto, elaborei uma pequena lista, contendo os dez livros de literatura infantojuvenil, todos de autores brasileiros, que levaria para uma ilha deserta.      
1.    Memórias da Emília. Monteiro Lobato.
Este livro atrai pela irreverência da boneca Emília que tudo contesta, tudo questiona. Emília é uma boneca inteligente e dominadora.  
2.    Histórias de Alexandre. Graciliano Ramos
As histórias “façanhudas” de um mentiroso (Alexandre)  encanta o publico ouvinte que aplaude e faz de conta que acredita.
3.    Histórias da velha Totônia. José Lins do Rego
Lins do Rego recriou quatro histórias de encantamento que povoavam o imaginário dos meninos de engenho do início do século XX.  
4.    A fada que tinha ideias. Fernanda Lopes de Almeida
A autora foi buscar uma fadinha bem inteligente que passa esta lição:  estudar é também brincar.
5.    O menino maluquinho. Ziraldo
O menino maluquinho criado por Ziraldo tem encantos mil – olho maior do que a barriga, fogo no rabo, vento nos pés e pernas que davam para abraçar o mundo.
6.    Bisa Bia, Bisa Bel. Ana Maria Machado.
Passado, presente e futuro se entrecruzam nesta bonita história de Ana Maria Machado. Bisa Bia é passado que se torna presente na imaginação da menina Bel.  
7.    Sete cartas e dois sonhos. Lygia Bojunga Nunes
A arte é o assunto dominante deste livro que fala sobre amor e morte, sobre suicídio, tema considerado tabu no campo da literatura infantil. Com sutileza, a autora trata do desaparecimento do pintor. 
8.    A caligrafia de Dona Sofia. André Neves
Dona Sofia era uma professora aposentada que resolveu revolucionar a sua pequena cidade com uma atitude inovadora – mandava cartões para os habitantes com poemas de poetas brasileiros e portugueses. Aqueles que não se tornaram poetas começaram a gostar de poesia.
9.    Para criar passarinho. Bartolomeu Campos de Queirós.
Constituído de pequenos capítulos com apenas um parágrafo, cada capítulo é um hino de louvor à poesia.
10. Romances de cordel. Ferreira Gullar.
Ferreira Gullar reúne quatro histórias verdadeiras de homens e mulheres que lutaram contra a opressão, contra o regime totalitário que dominou o Brasil durante a ditadura militar.   

A lista poderia ser mais longa, fica para uma próxima oportunidade. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Neide, querida, quanto tempo não nos falamos. Quero, se possível, seu contato, preciso te mostrar Antônio e ouvir, sempre, teus comentários bem feitos.

Hugo Monteiro Ferreira
hmonteiroferreira@yahoo.com.br
85990691 98520584