segunda-feira, 5 de abril de 2010

Alice no Pais das Maravilhas: um livro com engenho e arte



Alice no País das Maravilhas: um livro com engenho e arte.
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária FNLIJ/PB)

Alice no País das Maravilhas é um texto que atinge a sensibilidade e a imaginação infantis. Clássico de humor, de imaginação, de fantasia e do pensamento crítico.
( Laura Sandroni. Ao Longo do Caminho)

Ítalo Calvino, no ensaio “Por que Ler os Clássicos”,considera a inesgotabilidade da leitura e da releitura um dos fatores da classificação “obra clássica”.
Partindo desse conceito do estudioso italiano, “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, pode ser considerado um clássico da literatura infantil. As inúmeras leituras proporcionadas por este livro asseguram o caráter de permanência desta obra. Todos os anos surgem, no mercado editorial, novas edições, traduções e adaptações. A 1ª edição de “Alice no país das maravilhas” é de 1865. O livro continua sendo reeditado em muitos idiomas.
Lewis Carroll, pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson, nasceu em Daresbury, na Inglaterra. Era professor de Matemática na Universidade de Oxford e amigo da família do Reverendo Henry Liddell. Ele gostava de divertir as três filhas de Liddell contando histórias que apresentavam a peculiaridade de um mundo onírico e a presença do nonsense.
Desse contato com as meninas surgiram duas histórias que ganharam o interesse do público infantil e adulto – “Aventuras de Alice no País das Maravilhas” e “Alice através do Espelho”. Alice era o nome de uma das filhas do Reverendo Liddell.
No Brasil, o livro foi traduzido por Monteiro Lobato (1931), depois surgiram outras traduções e citamos: Sebastião Uchoa Leite, Fernanda Lopes de Almeida, Ruth Rocha, Ruy Castro, Ana Maria Machado, Nicolau Svencenko, Maria Luiza Borges.
Ana Maria Machado, em comentário sobre a tradução de Nicolau Svencenko, (Cosac Naify), assim se expressa:
“Entre as boas traduções já existentes, a de Nicolau Svencenko se situa ao lado das mais criativas – não despreza o humor do nonsense original e trata de inventar equivalências para o nosso leitor.” (Contracapa da edição da Cosac Naify, 2009).
Acrescentamos que esta edição recebeu belíssimas e criativas ilustrações de Luiz Zerbini. Cartas de baralho e personagens se entrecruzam em permanente diálogo, criando um clima surrealista, condizente com a própria história de Alice.
Outra boa edição é da editora Jorge Zahar. “Alice: edição comentada” (Zahar: 2002) é uma versão integral de “Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho”. Maria Luiza Borges foi responsável pela tradução. O livro inclui introdução e notas de Martin Gardner, considerado um dos maiores especialistas em Carroll, ilustrações originais de John Tenniel e bibliografia selecionada.
Recomendamos a leitura dessas duas traduções. Há outras versões que pecam pelas omissões e descaracterização da história. É necessário ter cautela.
Lenir Fátima de Castro (UFF), no III Congresso Internacional de Leitura e Literatura Infantil e Juvenil, no campus de Presidente Prudente, UNESP, apresentou o trabalho “Leituras de Alice no país das maravilhas: entre o texto original e algumas versões (2006). Neste trabalho, a professora alerta os leitores para os livros que “têm páginas reduzidíssimas e visam tão somente à circulação para fins comerciais, sem servirem ao objetivo de proporcionar algum conhecimento sobre o enredo ou sobre o estudo da obra de Carroll. “
A respeito do texto de Monteiro Lobato, é, ainda, Lenir quem afirma:
“A versão de Monteiro Lobato, dentre muitas adaptações e traduções que examinamos, é a que mais se aproxima do texto de Alice, inclusive com divertidíssimas intervenções de Emília, tia Nastácia, Dona Benta, Pedrinho e todo pessoal do sitio do Pica Pau Amarelo.”
O texto integral de Lenir Fátima de Castro está disponível no site “Dobras da Leitura”, de Peter O´Sagae.
A nova versão cinematográfica de “Alice no país das maravilhas”, de Tim Burton, certamente levará muitas crianças às salas de cinema. É um filme tridimensional com efeitos especiais. Seria muito bom aliar o filme à leitura do livro.
Em alguns países existem organizações sem fins lucrativos que incentivam o estudo da vida e obra de Lewis Carroll. Nos Estados Unidos – Lewis Carroll Society of North America – congrega vários estudiosos que se reúnem e debatem a obra do escritor, organizam exposições e debates.
A organização mais antiga está na Inglaterra e publica um periódico – The Carrollian, editado por Anne Clark.
No Canadá, a sociedade Lewis Carroll Society of Canadá publica um boletim – White Rabbit Tales.
No Japão, país que tem muitos admiradores de Lewis Carroll, circula um boletim em inglês/japonês e cerca de 60 edições dos livros de Alice já foram publicados.
Lewis Carroll, com suas histórias fantásticas e um humor marcado pelo nonsense, conseguiu cativar leitores de todas as idades em diferentes partes do mundo. Escreveu com engenho e arte.

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