terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O poder da literatura - Diário de Anne Frank








O poder da literatura

A literatura assume muitos saberes.
(Roland Barthes. Aula).

Roland Barthes, na aula inaugural da cadeira de Semiologia Literária que proferiu no Colégio de França, em 7 de janeiro de 1977, fez esta afirmativa que renova a crença nas pessoas que acreditam no poder da literatura:
“Se, por não sei que excesso de socialismo ou de barbárie, todas as nossas disciplinas devessem ser expulsas do ensino, exceto numa, é a disciplina literária que devia ser salva, pois todas as ciências estão presentes no monumento literário.“ (Aula: 1978 p. 18)
O pensamento de Roland Barthes me levou às leituras da fase da adolescência e me lembrei de um livro que li há bastante tempo cheio de saberes.
O Diário de Anne Frank foi lido e relido várias vezes. Em cada releitura sempre descobria algo de novo. O livro oferece um panorama histórico (época da 2ª. Guerra Mundial); geográfico (desenrola-se na Alemanha e Holanda); psicológico (revela o que se passa no íntimo de uma menina que atravessa a fase da adolescência em um período de sérias conturbações sociais). Aliado a tudo isso, trata-se de um diário escrito por uma jovenzinha judia que sofreu as consequências da guerra e as restrições impostas aos judeus pelo governo nazista de Hitler.
O Diário de Anne Frank já teve inúmeras edições em língua portuguesa. “O Diário de Anne Frank” (2003) pela Editora Record; “Anne Frank” (2007) pela Bestbolso. Em 2006, apareceu a biografia “Anne Frank”, Edições SM. Este livro obteve o prêmio de Melhor Tradução na área de Informativo da FNLIJ. Foi escrito por Josephine Poole, traduzido para o português por Marcelo Pen e conta com bonitas ilustrações de Angela Barrett.
Vejamos alguns dados dessa jovenzinha que passou para a História como um exemplo de luta pela sobrevivência numa época de opressão e intolerância.
Anneliese Marie (Anne) Frank nasceu em Frankfurt, Alemanha, no dia 12 de junho de 1929. Seu pai, Otto Frank, judeu alemão, era comerciante e vivia confortavelmente em Frankfurt. Com o início da guerra e a perseguição aos judeus por Hitler, ele sentiu que não podia permanecer na Alemanha e resolveu se transferir para a Holanda (Amsterdã), mas os alemães estenderam seu domínio a outros países e a família Frank foi obrigada a se refugiar em um anexo onde funcionava sua empresa. Durante dois anos, a família viveu nesse esconderijo e contou com a efetiva colaboração da amiga Miep Gies, uma fiel funcionária do Sr. Otto Frank. Ela fornecia alimentos, livros, jornais.
A permanência da família nesse local durou 25 meses e foi o tempo suficiente para Anne Frank escrever um diário, contando como era o seu dia a dia, de seus familiares e da família Van Daan, todos abrigados sob o mesmo teto, um sótão. Houve tempo até para descobrir o amor. Anne se apaixona por Peter, filho do Sr. Van Daan.
Quando o esconderijo foi descoberto, a família foi enviada para o campo de concentração de Auschwitz. Mais tarde Anne e sua irmã Margot foram transferidas para Bergen-belsen onde morreram vitimadas por tifo.
O diário de Anne Frank foi encontrado e guardado por Miep, ela tinha esperança que Anne voltasse, a guerra estava no fim, mas apenas o pai, Sr. Otto Frank, conseguiu escapar. Quando voltou do campo de concentração, Miep entregou ao pai o diário da filha e, aconselhado por amigos, ele resolveu publicá-lo. A 1ª edição do livro saiu 1947 e Otto Frank fez alguns cortes. Às vezes Anne era sincera demais e revelava certos fatos que o pai preferiu omitir. Depois saíram edições integrais.
Para conhecer melhor a vida dessa destemida jovem, o leitor poderá ler a biografia de Anne Frank (Ed. SM, 2006), ler os livros já citados da Editora Record e Bestbolso, ver o filme O Diário de Anne Frank , lançado em 1959. Existe outro filme mais recente – Anne Frank - The Whole Story, 2001.
Miep Geis, a guardiã do diário de Anne Frank, faleceu no dia 11 de janeiro de 2010, estava com 100 anos. Na história da 2ª Guerra Mundial, ela teve um papel semelhante ao de Schindler.

Um comentário:

Mitsuo André disse...

Incrível sua resenha!!! Muito esclarecedora e informativa. Você cita que depois saíram edições integrais, existe alguma em língua portuguesa? Você sabe dizer se todas as edicoes, tanto record quanto BestBolso, são traduzidas direto do alemão? Estou a procura da edição mais fiel ao original. Desde já agradeço.