segunda-feira, 13 de julho de 2009

Fernando Pessoa para adolescentes e para quem gosta de poesia




Fernando Pessoa para adolescentes e para quem gosta de poesia

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
( Fernando Pessoa. Palavras de Pórtico)

NEIDE MEDEIROS SANTOS

Amélia Pinto Pais, antropóloga portuguesa e estudiosa da obra de Fernando Pessoa, publicou pela Companhia das Letras, em 2009, Fernando Pessoa, o menino da sua mãe, com ilustrações de Mariana Newlands.
O título do livro encaminha o leitor para o poema “ O menino da sua mãe” que foi publicado, pela primeira vez, em 1926, em “Contemporânea”. O poema foi musicdo em 1936, um ano após a morte do poeta, por Fernando Lopes Graça.
De forma descontraída, a autora apresenta-nos uma narrativa aparentemente autobiográfica. Fernando Pessoa se revela pouco a pouco – fala sobre seu nascimento, sua infância passada entre Lisboa e Durban, na África do Sul, sobre a criação de seus inúmeros heterônimos.
Será que o leitor sabe quantos heterônimos Fernando Pessoa criou? Se pensou em quatro, errou. Nada disso! Foram 72. Tudo começou quando o poeta tinha seis anos. Chevalier de Pas foi o começo de uma longa história heteronímica.
Pessoa nasceu no dia 13 de junho de 1888 e recebeu, na pia batismal, o nome de Fernando Antônio em homenagem a Santo Antônio Era do signo de gêmeos. Os estudiosos de horóscopos afirmam que aqueles que nascem no signo de gêmeos ( 20 de maio a 21 de junho) têm dupla personalidade, Pessoa exagerou um pouco nessa duplicidade, não se conformou em ser apenas dois, mas muitos.
Quem pensar também que a obra de Fernando Pessoa é toda dedicada à poesia, também está enganado, Pessoa escreveu um grande livro em prosa – O Livro do Desassossego e atribuiu a um semi-heterônimo – Bernardo Soares. É um livro volumoso que só foi publicado após a morte do poeta e traz marcas de prosa poética.
Amélia Pais traz à tona o poeta engajado politicamente. Entre as décadas de 10, 20 e 30 do século XX, Fernando Pessoa escreveu muito para os jornais e revistas de Portugal e demonstrava não ser indiferente aos acontecimentos políticos e sociais. Como jornalista e articulista, externava seu posicionamento ideológico.
O livro da pesquisadora portuguesa tem um endereçamento - o público jovem, mas leitores de todas as idades irão gostar de encontrar um Pessoa descontraído, falando sobre sua própria vida pela voz de Amélia Pais. Estamos no reino da ficção e tudo é possível.
As ilustrações de Mariana Newlands são criativas e bem modernas, algumas apresentam um tom meio jocoso, irreverentes, um pouco caricaturais, talvez a ilustradora tenha procurado representar as máscaras da multiplicidade pessoana.
Aliado a tudo isso, o leitor ainda encontra muitos poemas de Fernando Pessoa e de seus heterônimos, quadrinhas populares, trechos de cartas para Ofélia e, naturalmente o poema que deu título ao livro.
Não poderíamos deixar de registrar que a camuflada voz autobiográfica de Fernando Pessoa é, também um convite à leitura. Crianças, jovens e adultos de alma sensível irão se encantar com esse livro sobre Fernando Pessoa, um poeta que sabe atrair leitores pelo inusitado de sua criação.
Para concluir, repetimos as palavras de Amélia Pinto Pais: “ aquilo que lemos e nos agrada em criança, aprenderemos a amar e entender quando adultos”.
(Publicado no jornal Contraponto, coluna B2. João Pessoa, Segunda-feira, 13 de julho de 2009)

Um comentário:

Anônimo disse...

ISSO E UM LIVRO 0,0'