terça-feira, 21 de outubro de 2008

marc chagall e suas imagens aladas



Marc Chagall e suas figuras aladas
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária FNLIJ/PB)

“Só é minha
a terra que está
em minha alma.” (...)
(Marc Chagall. Trecho do poema Minha Terra).

Marc Chagall nasceu em 1887, na cidade de Vitebsk, na Rússia. Seu nome verdadeiro era Moshe Segall, mais tarde adotou o nome artístico de Marc Chagall e assim ficou conhecido no mundo das artes plásticas.
Embora tenha vivido grande parte de sua vida fora da Rússia, o bairro judeu de Vitesbsk , sua cidade natal, os músicos, os rabinos, cabras, bois e galinhas estão sempre presentes em seus quadros e murais. Pessoas, animais, objetos são retratados como figuras aladas.
Para conhecer mais sobre a vida aventurosa do precursor da pintura surrealista, encaminhamos o leitor para o bonito livro de Bimba Landmann Como me tornei Marc Chagall (Editora SM, 2007).
Bimba Landmann se utilizou do livro autobiográfico de Chagall (Minha Vida) e conta a história deste pintor que conseguiu alcançar sucesso na França e nos Estados Unidos, recriando o mundo através da pintura. Chagall também escreveu poesias.
Um pintor com alma de poeta, assim o romancista Henry Miller se referia a Marc Chagall.
Certa vez perguntaram a Chagall porque ele pintava cabras e peixes que voavam, violinistas de rosto verde trepados em telhados, casas que boiavam no céu de cabeça para baixo e ele respondeu de forma poética:
“Pintei meu mundo, minha vida
aquilo que vi e aquilo que sonhei:
pintei minha Rússia querida,
a Vitesbsk onde nasci,
o bairro dos judeus pobres onde cresci,
assim como os via quando era criança,
quando meu nome era Moshe Segall”.
Chagall morreu com 97 anos e morou muito anos na França. Em 1963, atendendo a um convite do governo francês, pintou o teto da Ópera de Paris. A respeito desse fato, Jude Welton, no livro Marc Chagall (Ed. Ática, 2006), afirma que alguns críticos foram contra a idéia de um judeu russo decorar esse monumento nacional francês, outros consideravam que a arte moderna era inadequada para um edifício do século XIX. Chagall estava com 77 anos. Quando a pintura ficou pronta, todos concordaram que o resultado foi uma obra-prima. Um crítico escreveu:
“Dessa vez, os melhores lugares do teatro são os mais altos”.
Se livros são destruídos nas guerras, nos regimes totalitários, os artistas (pintores) e seus quadros também são vítimas de perseguições.
Em 1933, foi organizada, na Basiléia, Suíça, uma grande retrospectiva em homenagem a Chagall e, nessa mesma época, na Alemanha, seus quadros foram queimados por ordem do governo nazista. Eram obras de um judeu, foi a justificativa.
Os déspotas não entendem que a Arte desconhece as fronteiras de raça, credo. O Belo deve ser admirado por todos, independente de ideologias.
Chagall era religioso, temente a Deus, e cenas bíblicas aparecem sempre na sua pintura, nos vitrais. Um dos seus quadros mais conhecidos traz o título Solidão. Nesse quadro, Chagall retratou uma vaquinha tranqüila, deitada junto a um violino, casas russas em um plano de fundo e uma enorme figura de um judeu em primeiro plano. O judeu se apresenta como uma pessoa melancólica, pensativa, segurando um rolo de Torá, o livro sagrado dos judeus. Complementando a cena, vemos um anjo voando. Anjos são imagens recorrentes nos quadros de Chagall.
Os vitrais das igrejas foram outra paixão de Chagall e o pintor só começou a se dedicar a essa arte aos 70 anos. O vitral da janela da Catedral de Chichester foi terminado quando Chagall tinha mais de 90 anos.
O crítico brasileiro Ferreira Gullar escreveu um livro que analisa, com bastante lucidez, obras de arte de artistas nacionais e internacionais e Chagall é objeto de análise de um artigo do crítico de arte. O livro de Gullar foi editado pela Cosac&Naify em 2003 e traz o título de “Relâmpagos”. É leitura essencial para quem gosta de Arte.
Para conhecer um pouco da obra de Marc Chagall, indicamos esses dois livros: “Como me tornei Marc Chagall” (Ed. SM) e “Marc Chagall” (Ed. Ática). São livros indicados para um público juvenil e para todo leitor que gosta de Arte. São livros bem escritos, com boa ilustração e que apresentam um pouco da vida e da obra artística desse cidadão do mundo.
No Brasil, é possível admirar alguns quadros de Chagall nos museus MAC-USP, São Paulo; MASP – São Paulo; MAB FAAP – Museu de Arte Brasileira, São Paulo; MNBA – Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador.
Se você for a uma dessas cidades brasileiras (São Paulo, Rio e Salvador), aproveite para visitar os museus e procure ver os quadros de Marc Chagall. Enquanto a viagem não chega, a leitura desses dois livros vão suprir a ausência do que os olhos não vêem.
(Em tempo): O crítico brasileiro Antonio Candido, que teve alguns aspectos de sua obra analisada no artigo – Antonio Candido – um mestre da crítica literária no Brasil (O Norte, Show, C4, 02 de agosto de 2008), recebeu, no dia 20 de agosto, o Troféu Juca Pato, Intelectual do Ano, da União Brasileira de Escritores de São Paulo.




















Um comentário:

Zé de Riba disse...

Olá, ouça TRIBUTE MUSICALE A MARC CHGALL de autoria de Zé de riba e Wolney de assis, ouça as canções no myspace.com/zederiba voce vai gostar. abraço.